Supermercados devem liderar ranking de desempenho no 1º trimestre

Em um país que ainda não aprovou as vacinas para combater a covid-19 e impõe restrições para a abertura de estabelecimentos, o que o varejo pode esperar para o início de 2021?

Para três economistas que acompanham o setor há anos, as projeções não são animadoras. A maioria dos lojistas deve enfrentar um primeiro trimestre tão difícil quanto foi o ano de 2020.

Alguns setores podem até começar 2021 com um pouco mais de musculatura, repetindo as performances do ano passado, mas sem grande entusiasmo.

Com base em dados da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), do IBGE, o faturamento real dos supermercados cresceu 12% em 2020 sobre 2019, de acordo com projeções da FecomercioSP.

No caso dos setores de eletrodomésticos e eletrônicos e material de construção, a alta foi ainda maior, de 13% e 14%, respectivamente, no período.

Neste primeiro semestre, quem deve sair na frente no varejo são os supermercados, seguidos por lojas de material de construção, de acordo com economistas.

Isso porque, mesmo que tenha início o processo de vacinação, deve levar meses para imunizar parte significativa da população, o que deve manter as pessoas dentro de casa.

Além disso, o auxílio emergencial do governo de dezembro de 2020 deve ser pago ainda durante este mês, colocando mais alguns milhões de reais na economia.

O setor de vestuário e calçados, um dos que mais sofreram no ano passado, com retração de 20% no volume de vendas até outubro, já não deve reagir. E o de eletroeletrônicos e móveis, que cresceu 11% no mesmo período, deve perder força neste primeiro trimestre. Os números até outubro são da PMC.

Ninguém reforma a casa e ou troca de móveis e eletrodomésticos todo o ano. Como esses setores foram melhores em 2020, é esperada uma retração neste início de ano.

“O que deve demorar ainda mais para retomar são os setores de veículos e combustíveis”, afirma Fábio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

“Bares e restaurantes também continuarão prejudicados, além de todo o setor de serviços”, afirma Fábio Pina, economista da FecomercioSP. As vendas de produtos não essenciais só devem reagir, dizem eles, se a campanha de vacinação contra o novo coronavírus for bem-sucedida e os consumidores voltarem às ruas.

Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores, diz que o Brasil vive um período delicado de transição, o que dificulta até mesmo fazer as usuais projeções.

Mas é fato que, se não houver um complemento de renda para os trabalhadores, diz ele, a economia brasileira tende a frear, invertendo a evolução positiva dos últimos meses.

“O país estava respirando, mas essa tendência pode não se sustentar”, afirma. Diante deste cenário, os bens de maior valor, como os eletroeletrônicos, serão os mais afetados.

“Quando os salários crescem, geralmente, os eletroeletrônicos são os mais impactados positivamente. Se o PIB (Produto Interno Bruto) cresce1%, este setor cresce 5%”, diz Silveira.

Até mesmo os supermercados, que estão na liderança em desempenho desde o início da pandemia, podem perder fôlego, se não diminuir a pressão sobre os preços.

“As vendas podem subir, mas os custos mais elevados podem comprometer a margem do setor. O alívio pode vir em fevereiro com a safra de alimentos”, afirma Bentes.

O setor de supermercados, diz ele, possui margem de comercialização entre 25% e 30%, uma das menores do varejo, só maior do que a do setor de combustíveis, entre 15% e 20%.

Risco de crédito
A equipe da MacroSector Consultores fez uma avaliação sobre o risco de crédito para alguns setores do varejo, considerando 2020 e as perspectivas para 2021.

No caso dos supermercados, a avaliação é que o setor “vai bem, obrigado” nos dois anos, não teria problema para obtenção de crédito nas instituições financeiras.

Para as concessionárias de veículos, a classificação melhora de “atenção”, em 2020, para “aceitável” em 2021, um sinal de alguma recuperação do setor.

Mas nenhum deles atinge, portanto, o melhor em risco para os bancos, que é o chamado de “céu de brigadeiro”, quando o ritmo de vendas do setor é crescente e a rentabilidade, boa.

Para enfrentar este período turbulento, os economistas sugerem para os lojistas uma atenção maior no e-commerce.

No Estado de São Paulo, a participação das vendas on-line no faturamento total do comércio subiu de 3% para 4% durante a pandemia.

“Não participar do comércio eletrônico é como, no passado, uma loja não ter telefone. O lojista precisa estar na internet. Se não, a sua loja some e outra assume o seu lugar”, diz Pina.

A pandemia do novo coronavírus deixou claro, diz ele, que o empresário precisa se preparar também para o acaso.

“Não é somente a má gestão que quebra uma empresa, o acaso e uma situação conjuntural também podem quebrar.” Profissionalização, uso de informação e, claro, uma dose de sorte, diz Pina, podem salvar um negócio quando é preciso enfrentar o acaso.

Fonte: Diário do Comércio

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